segunda-feira, 8 de maio de 2023

Quilombo Sibaúma: a tradição do coco de Zambê e os herdeiros de Zumbi


A temática voltada aos povos originários do Quilombo Sibaúma, localizado no litoral sul do Rio Grande do Norte vem sendo tema de uma série de produções acadêmicas e artísticas de pesquisadores do Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN) e da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

Dentre essas produções está o livro Quilombo Sibaúma: a tradição do coco de zambê e os herdeiros de Zumbi. O material traz uma coletânea de textos que apresentam a história, a cultura e a arte do locais. A publicação foi produzida durante a pandemia de covid-19 e é resultado de um trabalho colaborativo iniciado em 2016 entre as lideranças do Quilombo Sibaúma e os professores do IFRN e da UFRN. O livro está disponível online e pode ser acessado gratuitamente.

Um dos coordenadores do projeto, o professor de Sociologia e diretor-geral do Campus Canguaretama, Flávio Ferreira, realiza trabalhos no Quilombo Sibaúma desde 2016. Ferreira explica que o livro é uma iniciativa coletiva desenvolvida ao longo de cinco anos de projetos de pesquisa e extensão. Segundo o coordenador, a publicação prioriza o encontro de saberes entre pesquisadores com os membros do grupo Herdeiros de Zumbi, da comunidade de Sibaúma. “Na obra, os sujeitos quilombolas são autores e nos contam essa bela história de luta e resistência”, afirma.

Quem também coordena o livro é o professor Isaac Samir, do Campus Natal - Cidade Alta. Ele conta que o objetivo da obra é “fazer um registro do que é o coco de zumbê na comunidade de Sibaúma, e o que representa para essa comunidade, em termos de identidade cultural e de resistência”.

Herdeiros de Zumbi

O grupo Herdeiros de Zumbi ganhou destaque na parceria entre pesquisadores e quilombolas. “O grupo é formado por descendentes de pessoas escravizadas que utilizam a dança e a arte para manter viva a história dos antepassados, que fundaram uma comunidade quilombola em Sibaúma no século XIX”, conta Ricardo Amaral, professor do Departamento de Geologia (DG/UFRN). Além de participar do projeto e escrever um capítulo do livro, Amaral produziu o documentário Herdeiros de Zumbi: Sibaúma RN, que pode ser acessado gratuitamente.

Além de estrearem na produção audiovisual, os Herdeiros de Zumbi gravaram um disco em sua primeira visita a um estúdio de gravação, em agosto de 2018. O álbum A usina de Santa Helena apresenta 22 faixas de coco, sendo 13 de autoria própria. A gravação foi realizada no estúdio da Escola de Música da UFRN (EMUFRN). O material está disponível na página do YouTube do grupo.

O coordenador Flávio Ferreira diz que a comunidade desejava há muito tempo registrar as músicas, que haviam sido passadas pela oralidade através de gerações. “Além da gravação do disco, fizemos o registro escrito das canções no livro”, relata.

O professor Ricardo Amaral destaca a importância da parceria entre institutos e universidades federais. “Quase todos os autores do livro passaram pela UFRN e continuaram sua jornada nos Institutos Federais. Essa simbiose é crucial e, usualmente, pouco relevada”, analisa.

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