Mais da metade da população do Rio Grande do Norte se declara parda, segundo os dados do Censo 2022 sobre raça e cor, divulgados nesta sexta-feira (22) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Dos 167 municípios do Rio Grande do Norte, em 127 há predominância de pessoas pardas.
Apesar disso, o estado se destacou nacionalmente pelo aumento do número de pessoas que se consideram pretas e indígenas entre 2010 e 2022.
Mais de 302,7 mil potiguares se declararam pretos na pesquisa de 2022 - o aumento é de 82,3% na comparação com o registrado em 2010 - o segundo maior no país. O estado só ficou atrás de Roraima, que teve crescimento percentual de 86,6% na população preta.
Quando o assunto é a população indígena, o número mais que quadriplicou em 12 anos. O crescimento da população autodeclarada indígena foi 351,4% desde 2010 - o maior aumento do Brasil. Eram 11.724 pessoas em 2022 contra cerca de 2,6 mil no Censo anterior, feito em 2010.
Para se ter uma ideia, a média nacional para crescimento da população preta foi de 42,3% e para indígena, de 89%.
Apesar do crescimento, a população indígena representa apenas 0,35% da população potiguar, abaixo da média do Nordeste, que é de 0,6%. No caso da população preta, o percentual local é de 9,2%, também abaixo da média regional, que é de 13%.
40 cidades do RN têm maior parte da população branca
Ainda segundo o IBGE, o Censo 2022 apontou que 40 cidades, ou 23,9% dos 167 municípios potiguares têm mais da metade da população branca. Esse é o maior número e percentual de municípios entre todos os estados das regiões Norte e Nordeste.
Toda a região Nordeste tem apenas 60 cidades com mais da metade da população autodeclarada branca, o que significa que o estado tem dois terços delas. Atrás do RN estão Pernambuco, com 8 cidades; Piauí, com 5; e Paraíba, com 4.
A maioria das cidades potiguares com maior parte da população branca fica nas regiões Seridó e Alto Oeste potiguar. Quatro municípios possuem mais de 60% da população branca, segundo o IBGE: Ouro Branco (65,7%), São Fernando (64,6%), Santana do Seridó (62,3%) e Jardim de Seridó (62,2%).
Embora a população do Rio Grande do Norte tenha crescido 4,3% entre 2010 e 2022, a quantidade de pessoas autodeclaradas brancas continuou praticamente a mesma, aumentando apenas 0,1% em 12 anos.
Ainda assim, esse grupo representa 39,4% da população no estado. Essa proporção é maior que a média da região Nordeste, de 26,7%.
Portalegre concentra maior percentual de população preta
O município com maior concentração de população preta foi Portalegre com 19,5%, bem acima do percentual estadual (9,2%). Ele foi seguido por Riacho da Cruz (15,8%) e Coronel João Pessoa (15,6%).
Monte das Gameleiras e Frutuoso Gomes apresentavam o menor peso relativo da população preta em sua população residente, com 2,9% e 3,3% respectivamente, seguido de Riacho de Santana (3,7%) e Ouro Branco (4%).
Pardos são maioria e amarelos minoria
Já a população de pessoas pardas evoluiu 1,1% no Rio Grande do Norte. Os mais de 1,6 milhão de potiguares que se declararam pardos representam 50,8% da população total do estado. A proporção local fica abaixo da média regional, que é de 59,6%.
A população amarela mostrou a maior proporção na população residente no município de Pedro Avelino com 0,8%, seguido por Pedra Grande e Ipueira, ambas com 0,6%. A população parda era o grupo com maior peso relativo na população residente em Ruy Barbosa (69,8%), Lajes Pintada (68%) e Bento Fernandes (67,5%). Outros 109 municípios apresentaram percentual de população parda acima do peso relativo do estado, que era de 50,9%.
No país como um todo, a população branca caiu 3,5% em 12 anos. Já a parda subiu 11,9% - o estado não seguiu essas tendências.
A única queda registrada no estado foi na população amarela - aquela formada por populações de origem oriental, como japoneses, chineses e coreanos. Essa é cor ou raça com menor população no estado.
A redução foi de 84% na comparação a 2010. Pouco mais de 5,2 mil pessoas se declararam amarelas no Rio Grande do Norte. No país, a queda média dessa população foi de 59,2%, mas no Nordeste, a redução foi de 89%.
A análise da estrutura etária por cor ou raça mostra que entre 2010 e 2022 houve maiores decréscimos nas faixas de idade até 29 anos para as populações parda, branca e amarela, nessa ordem, enquanto houve maiores acréscimos nas faixas a partir de 45 anos para as populações parda, branca e preta, também na ordem. Indígenas (pela pergunta de cor ou raça) mostraram acréscimo em todas as faixas de idade.
O índice de envelhecimento mostra a relação de idosos de 60 anos ou mais de idade em relação à população que tem entre 0 e 14 anos. Quanto maior o valor do indicador, mais envelhecida é a população. Quando analisado por cor ou raça, esse índice mostra um envelhecimento da população entre 2010 e 2022 para todas as classes de cor ou raça, exceto para a população indígena (pela pergunta cor ou raça). Em 2022, a população preta apresentou o maior índice de envelhecimento (158,5), seguida da amarela (122,6).
Quando a análise é feita por cor ou raça e sexo, temos decréscimos tanto entre mulheres e homens de cor ou raça branca, amarela e parda, sendo os maiores para homens pardos (-1,3%) e mulheres brancas (-0.8%). Já os maiores acréscimos foram vistos no percentual de homens e mulheres pretas, que subiram de 2010 a 2022, ambos, cerca de 2%.
Quanto à razão de sexo por cor ou raça, o Censo Demográfico 2022 mostrou, para o Rio Grande do Norte, uma razão de sexo maior para pessoas pretas, indicado indicando haver 112,3 homens pretos para cada 100 mulheres pretas.
Censo
Conceitos importantes:
Princípio da autoidentificação
O pertencimento étnico-racial é investigado respeitando o critério de autoidentificação.
Cada informante responde ao IBGE a sua percepção sobre a sua cor ou raça e sua percepção sobre como os outros moradores se autoidentificam numa das cinco categorias.
O mesmo ocorre nos quesitos de pertencimento étnico indígena e quilombola do bloco de identificação étnico-racial do Censo Demográfico.
Cor ou Raça
A pergunta sobre cor ou raça não retrata apenas a “cor” ou apenas a “raça” da população, pois, além de existirem vários critérios que podem ser usados pelo informante para a classificação (origem familiar, cor da pele, traços físicos, etnia, pertencimento comunitário, entre outros), as cinco categorias estabelecidas na investigação (branca, preta, amarela, parda e indígena) podem ser entendidas pelo informante de forma variável.
Vale lembrar ainda que o IBGE utiliza o conceito de “raça” como uma categoria socialmente construída na interação social e não como um conceito biológico.
Fonte: G1/RN e IBGE
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