Café Filho(1899-1970)
Nascido em Natal, no Bairro das Rocas, a 03 de fevereiro de 1899, era filho do Sr. João Fernandes Campos Café e de D. Florência Amélia Campos Café.
Estudou no Ateneu Norteriograndense. Foi jornalista, advogado provisionado, Doutor ‘Honoris Causas” pela Universidade de Coimbra – Portugal, Deputado Federal, Vice-Presidente e, com a morte de Getúlio Vargas, Presidente da República Federativa do Brasil(1954/55), e posteriormente, Ministro do Tribunal de Conta do Estado da Guanabara.
Cedo ingressou no jornalismo político, em Natal, onde fundo o Jornal do Norte, em 1921; quando saiu do Estado, praticamente foragido, editou em Pernambuco o Correio de Bezerros, em 1925; ainda neste ano dirigiu o jornal A Noite, em Recife/ foi redator do Jornal A Manhã, no Rio de Janeiro, em 1929; na Revolução de 30, na Paraíba, reeditou o Jornal do Norte, que era favorável ao Governo Vargas, e foi redator do A União, órgão extra-oficial do Estado. Em 1945 juntamente com Sandoval Wanderley, Manoel Alves e Abelardo Calafange, fundou o Jornal de Natal, veículo que serviu para a sua luta partidária no Estado.
Há um fato, na sua vida jornalística, já como Deputado Federal na Assembleia Constituinte em 1947, que pouca gente conhece: O projeto que tratava da determinação de um Piso Salarial para os Trabalhadores em Atividades Jornalísticas, apresentado por ele, foi aprovado. Em represália, os proprietários de jornais proibiram a publicação das notícias sobre o andamento do referido projeto de lei.
Os jornalistas, então, começaram a editar o Café Jornal, auto intitulado “Órgão do Comitê Pró-Aumento de Salário dos Jornalista Profissionais”.
Em 03 de maio de 1935 era eleito Deputado Federal pelo RN, perdendo o mandato em 1937, com o golpe militar daquele ano, tendo que se refugiar na Argentina. Após a sua volta ao País, reiniciou as suas atividades políticas, sendo eleito para a Assembleia Nacional Constituinte em 1945, projetando-se como um parlamentar oposicionista; em 1950 foi eleito Vice-Presidente, ao lado de Getúlio Vargas.
Como Advogado Provisionado, foi destemido e perseguido. Defendia as causas sociais, tendo uma ligação forte com os Sindicatos; se destacou, principalmente, na defesa em prol da Associação dos Operários do Sal, fundada em 1931, que posteriormente ficaria famosa como o Sindicato do Garrancho, e que era o órgão de defesa dos trabalhadores da industria do sal no Oeste Potiguar. Antes foi o organizador da Primeira Greve Geral dos Trabalhadores do RN, no ano de 1923 – de onde fizeram parte várias categorias como, os estivadores, marítimos e as tecelãs da única Fábrica de Tecidos de Natal - partindo daí a criação de vários outros sindicatos.
No ano de 1927 foi o defensor de Chico Pereira, paraibano, erroneamente taxado de cangaceiro, indicado por um crime que não cometera, o roubo na Fazenda Ramada, do Coronel Quincó, no município de Acari-RN; do Governador do Estado, à época denominado de Presidente, escrevendo no seu Jornal contra os desmandos daquele, foi perseguido, juntamente com a sua família, tendo que se refugiar no Rio de Janeiro.
Como Presidente da República visitou vários países, merecendo inúmeras homenagens; também visitou várias vezes a sua cidade natal, numa delas para exercer o seu direito de voto. Em novembro de 1955 foi vítima de um golpe militar chefiado pelo General Lott, seu Ministro da Guerra, perdendo o direito de completar o seu governo constitucional. No entanto, não perdeu a altivez moral com que soube exercer a magistratura suprema do País. Deixou o governo pobre, como nele entrara. Foi um ardoroso defensor do petróleo brasileiro, são dele as seguintes palavras sobre o mesmo:
“A política petrolífera deveria observar a legislação da PETROBRÁS. Considerei meu dever prestigiar essa organização e proporcionar-lhe os meios necessários à alta missão que lhe fora confiara.
Durante a minha gestão na Presidência da República, foram autorizadas pela primeira vez as pesquisas em Alagoas, o mesmo ocorrendo com o Rio Grande do Norte, não por ser o meu estado natal, mas porque os estudos ali realizados indicavam a existência de petróleo nas proximidades de Mossoró e os técnicos reputaram aconselháveis as prospecções aliás suspensas mais tarde, ignorando eu os motivo.” (página 455).
Foi um exemplo de probidade e honestidade administrativa, como político e homem público, rara nos dias atuais – saiu da Presidência da República sem possuir um automóvel. Os seus novos conterrâneos, os cariocas, se surpreendiam ao vê-lo nas filas das paradas dos coletivos. Em Copacabana: “um político que tinha chegado ao mais alto posto do País, voltas às atividades privadas de maneira tão simples”.
Em 1966 publicou as suas memórias no livro, em 2 volumes, “Do Sindicato ao Catete”.
Café Filho faleceu no Rio de Janeiro, no dia 20 de fevereiro de 1970, aos 71 anos de idade.
Foi Presidente do Brasil entre 24 de agosto de agosto de 1954 e 8 de novembro de 1955.
Fonte de consulta: Café Filho - Um Potiguar na Presidência da República. Antônio Kyldemir Dantas de Oliveira. Fundação Vingt-Un Rosado - Coleção Mossoroense. Série “B” – Número 1641, Mossoró-RN 1999
*Francisco Veríssimo - Portal Fatos do RN