quinta-feira, 12 de maio de 2022

120 anos da explosão do dirigível Pax em Paris: entenda relação do Rio Grande do Norte com essa história

Balão dirigível Pax, que caiu em París — Foto: Arquivo/FAB

Um dos acidentes que marcou a história da aviação mundial, a explosão e queda do dirigível Pax, em Paris, completa 120 anos nesta quinta-feira (12).

A tragédia matou os dois ocupantes da aeronave - um deles, o seu criador, o potiguar Augusto Severo, contemporâneo de Santos Dumont e um dos pioneiros brasileiros na aviação.

O acidente aconteceu em 12 de maio de 1902, durante o voo experimental do Pax. No ano anterior, o jornalista, professor, político e aeronauta nascido em Macaíba, na Grande Natal, tinha se licenciado da Câmara de Deputados para viajar à França e construir o novo dirigível semirrígido inflado a hidrogênio.

"Após decolar da estação de Vaugirard, em Paris, o dirigível Pax elevou-se cerca de 400 metros e dez minutos depois explodiu violentamente, projetando Augusto Severo e George Saché (mecânico de bordo) que morreram na queda junto aos destroços do dirigível, na Avenida du Maine", conta o professor de história Bruce Lee.

A configuração proposta por Severo, de um dirigível semirrígido, era considerada revolucionária e, segundo especialistas, influenciou o desenvolvimento de equipamentos nas décadas seguintes, inclusive dos grandes dirigíveis alemães Zeppelin e Hindenburg.


Augusto Severo, potiguar criador do dirigível Pax

Em 1929, os inventores do Zeppelin homenagearam Augusto Severo durante um voo pelo Brasil. O balão baixou sobre a estátua de Augusto Severo, em Natal, e deixou cair um ramalhete de flores com os dizeres: “Homenagem da Alemanha ao Brasil, na pessoa de seu filho Augusto Severo”.
Augusto Severo e George Saché também foram homenageados com uma placa em mármore na Avenue du Maine, em París. O potiguar também deu nome a ruas de diferentes cidades, além do antigo aeroporto de Parnamirim, na Grande Natal, e uma praça na capital potiguar, onde fica a estátua em sua homenagem.

Augusto Severo nasceu em Macaíba, na Grande Natal, e pertencia à rica família dos Albuquerque Maranhão, que atuava no comércio e produção de açúcar.

Segundo o professor Bruce Lee, a paixão dele pelo vôo teria iniciado, em 1880, na Escola Politécnica do Rio de Janeiro, onde estudou engenharia e adquiriu conhecimentos que o ajudaram a desenvolver invenções e inovações aeronáuticas.

Augusto Severo também foi professor de matemática e vice-diretor do Atheneu (ginásio) Norte Riograndense, além de sócio da firma A. Maranhão & Cia. Importadora e Exportadora até 1892. Também escreveu artigos para o jornal A República, contrário à Monarquia.

Estátua de Augusto Severo na praça que leva o nome dele em Natal (Arquivo) — Foto: Igor Jácome/G1

"Eleito deputado ao Congresso constituinte que organizou o Estado após a Proclamação da República do Brasil, acabou preenchendo a vaga aberta na Câmara dos Deputados pela eleição de Pedro Velho de Albuquerque Maranhão, seu irmão, para o cargo de governador do Estado do Rio Grande do Norte", aponta.
Após a morte de Augusto Severo, sua companheira Natália Cossini, que assistiu ao desastre da queda do Pax, cometeu suicídio com um tiro no coração, em 1908.

Homenagens

Um projeto de lei apresentado em 2019 na Câmara Federal pede a inclusão de Augusto Severo no Livro dos Heróis da Pátria, localizado no Panteão da Liberdade e da Democracia, na Praça dos Três Poderes, em Brasília. O projeto foi apresentado pelo deputado federal Rafael Motta (PSB).

Nesta quinta-feira (12), o governo também realizou uma solenidade alusiva aos 120 anos do "encatamento" de Augusto Severo, no Complexo Cultural Rampa, no bairro de Santos Reis. O local escolhido serviu como base aérea de hidroaviões antes e durante a Segunda Guerra Mundial.

O evento também conta com o lançamento do livro “Augusto Severo: o homem que sonhou voar”, da editora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (EDUFRN).

Fonte: G1/RN

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