segunda-feira, 23 de maio de 2022

Manuel Veras, o primeiro veranista de Tibau, ganha homenagem


Manuel Martins Veras vai virar nome de rua em Tibau, aprovado pela Câmara Municipal com sanção do Executivo. A proposição, de autoria do vereador Otávio Faustino da Silva Neto, homenageia o primeiro veranista do município-praia, no litoral da Costa Branca, e resgata a história que pouco é estudada e/ou valorizada.

A rua Manuel Veras tem localização no loteamento Costa Branca, no bairro Gado Bravo, que é parte do boom do mercado imobiliário de Tibau, cada vez mais concorrido, dada as suas belezas naturais que empolgam novos investidores.

Foram essas belezas que atraíram Manuel Veras ainda no século XIX. Fazendeiro rico e líder político no pequeno município de Campo Grande, antigo Augusto Severo, encravado na região do médio oeste do Rio Grande do Norte, ele desbravou a “praia dos mossoroenses”. Naquela época, nos idos de 1890, tudo era muito difícil, mas não o suficiente para impedir o pioneirismo de Veras.

Ele levava mais de um dia de viagem entre Campo Grande e Tibau, percurso de 129,2 km pela BR-110, que hoje é feito de carro em pouco mais de 1 hora e meia. Naquela época, claro, não existia rodovias asfaltadas, nem veículos de alta velocidade. Manuel Veras viajava em cima de cavalos ou em carros de boi, enfrentando grandes dificuldades, mas na certeza que no destino final encontrava o paraíso de morros de areia colorida, valorizado pelo português, filho de pais ingleses, Henry Koster, que passou pelo litoral montado a cavalo em 1810 e registrou em livro (Travels in Brazil) o espetáculo de mar limpo e falésias.

O livro “Tibau de Todos os Tempos”, da pesquisadora e escritora mossoroense Lúcia Rocha, registra que na Avenida Tarcísio Maia, antigo Gancho, havia uma placa afixada no imóvel, pela Prefeitura, constando o nome dos quatro primeiros veranistas liderados por Manuel Veras, inclusive, ele tinha casa em Tibau localizada próximo da descida da praia do Ceará, que serviu para hospedar os outros três pioneiros:

- Francisco Pinheiro de Almeida Castro, cearense, que foi o primeiro médico de Mossoró, casado com dona Francisca Veras, filha de Manuel Veras. Inclusive, Dona Francisca faleceu na casa do pai em um veraneio na praia de Tibau.

- Farmacêutico Jerônimo Rosado, que veio da Paraíba para Mossoró incentivado por Almeida Castro, que precisava de uma farmácia na cidade. Por consequência, ele apresentou a beleza de Tibau a Jerônimo Rosado.

- João Leite, apodiense que foi vereador em Mossoró, também genro de Manuel Veras.

A placa que registrava o pioneirismo de Manuel Veras e de seus três hóspedes já não existe mais, mas Tibau está disposta a resgatar a história. A homenagem com nome de rua pode até ser simples pela grandeza do feito, mas, definitivamente, deixará registrado o nome do primeiro veranista da antiga “estância balneária” dos mossoroenses e oestanos.

Da fazenda Convento à vida em Campo Grande

Manuel Martins Veras, filho de Luciano Martins Veras e Cosma Rodrigues Veras, nasceu em 18 de outubro de 1825 na fazenda Convento, freguesia de São Gonçalo da Serra dos Cocos, município de Ipu, estado do Ceará. Aos quatro anos de idade foi morar com os seus familiares na cidade de Campo Grande, no médio oeste potiguar. Ele faleceu aos 66 anos na fazenda Poço Verde, em Campo Grande.

Foi casado primeiramente com Cristina da Silva Saldanha, ficando viúvo. Depois, casou-se com a irmã de Cristina, Joaquina da Silva Saldanha com quem teve os filhos: Vicente de Paula Veras, Manoel Martins Veras (Nezinho), Miguel Martins Veras (Major Migas), Luciano Martins Veras, Afra Veras Lobo, Francisca Joaquina Veras, Maria Veras Barbosa (Maroca da Bola), Joaquim Martins Veras (Quincas Veras) Joaquina Veras Saldanha e Cristina Veras Leite.

Coronel das Forças Armadas do Império do Brasil

Manuel Veras era um homem inteligente, íntegro, rico e corajoso. Isso fazia dele uma referência na política sertaneja. Ele foi um dos maiores latifundiários e empreendedores no Rio Grande do Norte e Nordeste no século XIX, dono de uma faixa de terra que começava dentro de um complexo de serra que fazia divisa de Campo Grande/RN com o estado da Paraíba.

O livro “A História Continua – Saldanha & Veras e suas ramificações”, de Francisco Galbi Saldanha, publicado pela Coleção Mossoroense, narra que Manuel Veras “destacou-se com a criação de gado leiteiro da raça Caracu e com a plantação em larga escala de algodão.”

Na política, foi um grande chefe, era comumente chamado de “Comandante Superior”. Manuel Veras se destacou com o título de Coronel das Forças Armadas do Império do Brasil, conferido pelo Imperador D. Pedro II. No segundo momento, recebeu o título de Comandante.

Também recebeu os títulos de Comandante Superior das Forças Armadas do Império; de Cavaleiro da Ordem da Rosa, criado em 1829 pelo Imperador D. Pedro I para perpetuar a memória de seu matrimônio em segundas núpcias com Dona Amélia de Leuchtenberg e Eischstadt.

Manuel Martins Veras foi o maior chefe político que Campo Grande já teve. Quase todos os filhos foram intendentes/prefeitos no município.

Origem da família Veras

A família Veras tem a sua origem na região da península itálica, mais precisamente no espaço central, onde se localiza a região do Lácio. Depois, migrarem para Portugal e Espanha. Os Veras que têm forte presença no Rio Grande do Norte, a partir da cidade de Campo Grande, são provenientes de Viana do Castelo em Portugal. Aportaram no Ceará, por volta de 1788, por meio de Silvestre Rodrigues Veras, que se casou com Cosma de Araújo Chaves. Ficara viúvo e contraiu segundo matrimônio com Eugênia Cardoso Barros. Desse casamento nasceram Manuel Martins Veras, José Rodrigues Veras, Maria Álvares Feitosa, Ana Rodrigues Veras, Lusia Rodrigues Veras e Cosma Rodrigues Veras.

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