Raimunda Cícera da Conceição, conhecida como Raimunda de Faísca em razão de seu casamento com o comerciante timbaubense Chico Faísca, foi uma mestra ceramista nascida em Bananeiras/PB no ano de 1933.
Ainda criança de colo, veio morar na zona rural de Caicó, tendo chegado ao perímetro urbano em 1953. Também era chamada "Raimunda Coelho", em alusão a família Coelho, conhecida por seus artesãos.
Raimunda trabalhou na construção de Brasília nos anos 1950 e 1960. Ganhou fama na década de 1970, tendo protagonizado reportagem do Jornal do Brasil em 1978. Raimunda e sua família foram alvos de preconceito racial ao se estabelecerem em localidade central no município de Caicó, mas perseveraram e ela trabalhou em sua oficina nas proximidades do Colégio Diocesano Seridoense até o fim de seus dias.
Suas peças diferenciadas tem origem no aperfeiçoamento do que aprendera com a mãe, expandindo o repertório de louças para diversas esculturas, como santos e ex-votos. Destacava-se pela inserção de pedra sabão pulverizada na mistura da argila, produzindo peças de cor e brilho assinalados.
Sua técnica persiste nas mãos filho Paulo Roberto de Souza, artesão que ainda trabalha na antiga oficina de Dona Raimunda, e cujas louças que podem ser encontradas no Mercado Público da cidade.
Dona Raimunda faleceu em 2018, ansiosa pela inauguração da Casa do Artesão do Seridó. Sua trajetória é uma inspiração para artesãs seridoenses, tendo se destacado nacionalmente a partir de sua criatividade e regionalmente pelo respeito que despertava nas colegas de profissão.
Além da reportagem em mídia nacional, Dona Raimunda obteve destaque no Congresso Brasileiro de Cerâmica, realizado em 1988 em Natal/RN; recebeu o Prêmio Mulheres da Rádio Caicó em 2010 e foi homenageada nas festividades da Consciência Negra da Biblioteca Municipal Olegário Vale em 2015.
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