quinta-feira, 14 de abril de 2022

Conheça o Geoparque Seridó

O geoparque Seridó, que abrange uma área de 2,8 mil quilômetros quadrados em seis municípios do Seridó potiguar, foi reconhecido nesta quarta-feira (13) como um território de relevância mundial pela Unesco - Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura. A unidade entrou para a lista de 177 Geoparques Mundiais da organização.

Apesar do reconhecimento internacional, o geoparque não é conhecido por muitos potiguares. É o caso da professora de música Letícia Damasceno. "Eu nunca tinha ouvido falar e agora estou curiosa para ir", revela.


De acordo com o professor Marcos Nascimento, coordenador científico do geoparque Seridó, o trabalho de desenvolvimento do geoparque começou há cerca de 12 anos, a partir da identificação das riquezas naturais da região, como as formações geológicas. A área abrange os municípios de Acari, Carnaúba dos Dantas, Cerro Corá, Currais Novos, Lagoa Nova e Parelhas.

Geoparque Seridó abrange vários pontos que atraem o turismo — Foto: Getson Luís

"O geoparque é uma nova forma de gestão territorial que passa pela identificação de um patrimônio geológico de relevância internacional. E que associado a outro patrimônio natural, que é o biológico, e ao patrimônio cultural, nós podemos promover desenvolvimento sustentável", explica.

De acordo com ele, a ideia do geoparque é que a partir do reconhecimento da importância da riqueza natural, a população daquele território desenvolva atividades voltadas ao turismo e à preservação desse patrimônio, visando o desenvolvimento econômico de forma sustentável. Um dos pilares é o turismo.

"Ao encontrar isso no Seridó, nas características geológicas que lá tem, principalmente voltado aos minerais, as rochas e ao relevo, a gente vem nos últimos 12 anos trabalhando diferentes ações voltadas à conservação, à educação e ao turismo. E isso reflete o que é um geoparque da Unesco", considera.

Geoparque Seridó, no Rio Grande do Norte, é reconhecido pela Unesco — Foto: Emprotur

As ações envolvem, por exemplo, o treinamento de guias de turismo que atualmente recebem pessoas de todos os lugares para visitar os geossítios. No site do geoparque, os interessados podem ter acesso aos contatos de guias em cada um dos seis municípios. Eles, por sua vez, também possuem parcerias com pousadas da região, mantendo um ciclo de geração de emprego e renda.

O geoparque conta com 21 geossítios de importância geológica e social no Seridó potiguar e que podem ser visitados. São eles:

Serra Verde
Cruzeiro de Cerro Corá
Nascente do Rio Potengi
Vale Vulcânico
Mirante de Santa Rita
Tanque dos Poscianos
Lagoa do Santo
Pico do Tororó
Morro do Cruzeiro
Mina Brejuí
Cânions dos Apertados
Açude Gargalheiras
Poço do Arroz
Cruzeiro de Acari
Marmitas do Rio Caraúba
Serra da Rajada
Monte do Galo
Xiquexique (sítio arqueológico)
Cachoeira dos Fundões
Açude Boqueirão
Mirador

Mapa do Geoparque Seridó — Foto: Reprodução

O geoparque é gerido por um consórcio intermunicipal envolvendo as seis prefeituras das cidades abrangidas e fica distante cerca de 180 quilômetros de Natal.

Para ter acesso a ele a partir da capital potiguar, os visitantes podem seguir pela BR-104 e BR-226 até a cidade de Currais Novos. Do município, é possível usar várias outras rodovias, como a BR-427, RN-041, RN-042, RN-086, RN-087, RN-203 e RN-288, para ter acessos aos demais municípios.

Geoparque Seridó abrange seis municípios potiguares — Foto: Humberto Lopes

A população estimada para os seis municípios em 2020 era de 112.740 habitantes. Na região, a economia foi estruturada inicialmente sobre a pecuária extensiva, a agricultura e a mineração de scheelita, columbita-tantalita e berilo.

O geoparque também envolve pesquisa científica e conta com participação de várias instituições de ensino do estado. Segundo os pesquisadores, as formações geológicas da região são compostas por dois grupos principais: um composto por rochas de idades pré-cambrianas a cambrianas (2,25 bilhões de anos até 510 milhões de anos), conhecidas como embasamento cristalino. E outro constituído por rochas sedimentares, vulcânicas e sedimentos, com idades variando do Cretáceo ao Quaternário (130 milhões de anos aos dias atuais).

Segundo os organizadores do geoparque, os 21 geossítios representam boa parte da geologia local.

O guia regional Damião Carlos, mais conhecido como Carlinhos, atua em Carnaúba dos Dantas e diz que os principais destinos procurados pelos turistas no município são o sítio arqueológico Xiquexique, onde podem ser vistas pinturas rupestres datadas com mais de 9 mil anos de idade, além do Monte do Galo, onde há forte turismo religioso. Outro destino é a Serra da Rajada, onde houve um massacre de indígenas. A área é procurada para o turismo de aventura.

"A gente percebe um aumento da procura nos últimos anos e acho que agora, com o reconhecimento da Unesco, vai aumentar ainda mais a procura de turistas", afirma.

Pinturas rupestres fazem parte do acervo do Geoparque Seridó — Foto: Marcos Nascimento

*Por G1/RN

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