sábado, 26 de março de 2022

Raimunda de Chico Faísca, patrona da Casa do Artesão do Seridó


Raimunda Cícera da Conceição, conhecida como Raimunda de Faísca em razão de seu casamento com o comerciante timbaubense Chico Faísca, foi uma mestra ceramista nascida em Bananeiras/PB no ano de 1933.

Ainda criança de colo, veio morar na zona rural de Caicó, tendo chegado ao perímetro urbano em 1953. Também era chamada "Raimunda Coelho", em alusão a família Coelho, conhecida por seus artesãos.

Raimunda trabalhou na construção de Brasília nos anos 1950 e 1960. Ganhou fama na década de 1970, tendo protagonizado reportagem do Jornal do Brasil em 1978. Raimunda e sua família foram alvos de preconceito racial ao se estabelecerem em localidade central no município de Caicó, mas perseveraram e ela trabalhou em sua oficina nas proximidades do Colégio Diocesano Seridoense até o fim de seus dias.

Suas peças diferenciadas tem origem no aperfeiçoamento do que aprendera com a mãe, expandindo o repertório de louças para diversas esculturas, como santos e ex-votos. Destacava-se pela inserção de pedra sabão pulverizada na mistura da argila, produzindo peças de cor e brilho assinalados.

Sua técnica persiste nas mãos filho Paulo Roberto de Souza, artesão que ainda trabalha na antiga oficina de Dona Raimunda, e cujas louças que podem ser encontradas no Mercado Público da cidade.

Dona Raimunda faleceu em 2018, ansiosa pela inauguração da Casa do Artesão do Seridó. Sua trajetória é uma inspiração para artesãs seridoenses, tendo se destacado nacionalmente a partir de sua criatividade e regionalmente pelo respeito que despertava nas colegas de profissão. 

Além da reportagem em mídia nacional, Dona Raimunda obteve destaque no Congresso Brasileiro de Cerâmica, realizado em 1988 em Natal/RN; recebeu o Prêmio Mulheres da Rádio Caicó em 2010 e foi homenageada nas festividades da Consciência Negra da Biblioteca Municipal Olegário Vale em 2015. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário