quarta-feira, 9 de março de 2022

Conheça a história do Colégio Atheneu de Natal, a segunda escola mais antiga do Brasil

O colégio que teve uma importância sem tamanho para a vida da cidade de Natal e para o Brasil.

O Colégio Estadual do Atheneu Norte-Riograndense é um tradicional colégio do Rio Grande do Norte, localizado na sua capital, Natal.

Foi fundado no século XIX, em 3 de fevereiro de 1834, época em que o Brasil era uma monarquia, pelo então presidente da província Basílio Quaresma Torreão, que também foi o seu primeiro diretor-geral. Basílio Quaresma escolheu o nome da escola, da versão portuguesa de Athénaion. Como explicou Luís da Câmara Cascudo, “no Ateneu de Atenas os poetas liam os poemas e os historiadores o relato das jornais pelas terras estranhas e misteriosas”.

É a segunda mais antiga instituição escolar brasileira (a mais antiga é o Ginásio Pernambucano, de 1825), fundado antes mesmo do Colégio Pedro II no Rio de Janeiro.

O nome do colégio

“Colégio Estadual do Atheneu Norte-Riograndense”

A palavra “ateneu” (na grafia arcaica atheneu) tem origem no latim athenaeum, que por sua vez deriva do grego clássico ᾿Αϑήναιον, que significa «templo de Atenas», em referência à deusa da sabedoria na mitologia grega. Por extensão de sentido, a palavra “ateneu” passou a significar “templo da sabedoria” ou “templo do conhecimento”.

Origem

Basílio Quaresma Torreão tinha como objetivo reunir em um único prédio, as disciplinas da chamada “cadeira da Humanidade”, as cinco “aulas maiores” (Filosofia, Retórica, Geometria, Francês e Latim), antes autônomas com sedes independentes. Essas disciplinas foram as primeiras a serem lecionadas no Atheneu e seus respectivos professores foram:

Padre Antônio Xavier Garcia de Almeida (1º Vice diretor), lecionava Filosofia;
Joaquim José de Souza Serrano, lecionava Retórica;
Urbano Egide da Silva Costa, lecionava Geometria;
Elias Antônio C de Albuquerque, lecionava Francês;
Francisco Felipe da Fonseca Pinto, lecionava Latim.

Entre os conselheiros que aprovaram a criação do Atheneu estão:

Antônio da Rocha Bezerra
Joaquim José do Rego Barros
Luís de Albuquerque Maranhão
Padre Manuel Pinto de Castro
Matias Barbosa de Sá
Bartolomeu da Rocha Fagundes

Na sua fase inicial, o Atheneu não teve grande importância devido ao reduzido número de pessoas formadas pela instituição e suas fracassadas tentativas de transformação num centro melhor de formação de professores. É apenas na República que sua importância na formação cultural e política dos natalenses aumenta, organizando-se como principal instituição que reúne a “cultura” da cidade. E. C. Barros, 2000

Inserção do psicólogo

A primeira inserção do discurso psicológico no Atheneu ocorre em 1911, mediante o Decreto nº 250, que reformulou o sistema de ensino do Estado. O novo regimento do Atheneu, publicado com o Decreto supramencionado, institui a disciplina Lógica e “Phisyo-psychologia“. Esta disciplina expressa, com extrema clareza, a dificuldade de a Psicologia se diferenciar de suas duas fontes: a Filosofia e a Fisiologia. Danziger, 1990.

Em 1919, o jurista Floriano Cavalcanti ensinou a disciplina Psicologia, Lógica e História da Filosofia, instituída no Atheneu pela Lei n nº 395, de 16 de dezembro de 1915. Floriano Cavalcanti foi um intelectual de suma importância na história potiguar, não apenas enquanto jurista, mas como pensador da cultura e da sociedade da época, o qual considerou a importância do conhecimento psicológico na compreensão dos fatos históricos. Carvalho, 2001.

A presença da Psicologia no Atheneu era muito mais teórica do que prática. Apesar de a Psicologia Experimental ser o conhecimento dominante, sua presença deveria complementar a análise de outros conhecimentos, sobretudo, o filosófico. Este fato não era injustificado, pois o Atheneu seguia uma lógica utilitarista da educação imposta desde a reforma do ensino secundário em 1908. O currículo do Ginásio Potiguar era determinado pelos exames de preparação das faculdades, principalmente de Direito e Medicina.

Ele foi fundado antes mesmo do Colégio que era modelo para o Império: o Colégio Pedro II no Rio de Janeiro



E isso já faz mais de 180 anos! O Colégio Pedro II foi fundado em 2 de Dezembro de 1837, e o Atheneu em 3 de Fevereiro de 1834.

E no mesmo dia da sua fundação seu livro de matrículas foi aberto

Livro de matrículas meramente ilustrativo

As funções públicas e as atividades mais liberais começavam a crescer, e já estava na hora de se aplicar na sociedade uma forma eficaz para que classes oprimidas pela moral dominante pudesse ocupar essas funções. Foi então que o Atheneu caiu como uma excelente e apropriada via para estes objetivos.

Sedes

Hoje situado à Rua Campos Sales, em Petrópolis, bairro de classe média alta da cidade do Natal, conta com uma clientela de aproximadamente 3.000 alunos, pertencentes aos mais variados bairros. Porém, o Colégio Atheneu possuiu ao longo de sua história três sedes:

1ª Quartel Militar – 1834 a 1859;
2ª Rua Junqueira Ayres – 1859 a 1954;
3ª Rua Campos Sales – 11 de Março de 1954 até os dias atuais.

Sua aprovação ocorreu em dezembro de 1833 e sua instalação e funcionamento em 3 de Fevereiro de 1834, tendo na vice-direção de Antonio Xavier Garcia de Almeida. Porem, o dia 1 de Março foi consagrado como o “dia histórico do Atheneu’’, por ter sido a data de inauguração do seu prédio próprio.

Seus primeiros passos aconteceram nas dependências do Quartel Militar, que então se achavam desocupados. Na arcada e entrada do Quartel, foram colocados os seguintes dizeres: “De guerreiros assento fui outrora, hoje d’aquilo que Minerva adora”. Lá permaneceu até março de 1859, quando foi transferido para outro prédio, onde hoje funciona a Secretaria de Finanças do Município. Neste prédio funcionou até 1954, quando então passou às suas instalações definitivas, onde permanece até hoje.

O terreno da atual sede do Atheneu, comprado pelo então Interventor do Estado Dr. Mário Leopoldo Pereira da Câmara, conforme Decreto de nº 832 de 10 de maio de 1935, com 8.228 m², pela quantia de trinta e cinco Contos de Reis, da Viúva Maria Machado, passou por um longo período de construção. Foram 11 longos anos desde a data de sua compra até a data da inauguração de sua tão esperada sede própria, projetada por João Vitor de Holanda. Durante muito tempo, esta data foi comemorada com jubileu, Sessão Magna, discursos e banda de música.

Pioneirismo

O Colégio Atheneu tem uma história de pioneirismo. Até 1902 o seu corpo discente era formado somente por alunos do sexo masculino, mas já em janeiro de 1903, mostrando sua grande abertura às mudanças, ocorreram as primeiras matrículas de alunas mulheres. As primeiras mulheres aprovadas nos exames de Humanidades foram: Sidrônia de Carvalho, Maria Arminda Caldas, Edilbertina Figueira e Albertina Avelino. A pioneira mulher a administrar o Atheneu foi a Professora Olindina Lima Gomes da Costa, que o dirigiu de 1955 a 1961, no governo de Dinarte Mariz.

Evolução

Ao longo de sua história vem evoluindo e atualizando-se para acompanhar as exigências da modernidade. Conta hoje com dois laboratórios de informática com um total de 50 computadores para uso dos alunos, um núcleo de informática com outros 22 computadores para treinamento de professores, laboratório de Física, Química e Biologia. Sala de vídeo com TV Escola e biblioteca virtual.

Por ele passaram ilustres personalidades na condição de diretores, professores e alunos, que enriqueceram seu quadro docente e muito têm honrado sua história. Entre elas podemos citar:

Diretores
Basílio Quaresma Torreão (fundador)
Francisco Pinto de Abreu
José Augusto Bezerra de Medeiros
Dr. Joaquim Inácio Torres
Dr. Luís da Câmara Cascudo
Prof. Celestino Pimentel
Profª. Olindina Lima Gomes da Costa (a 1ª mulher a administrá-lo)
Crisan Siminéia
João Batista de Sousa Varela

Professores

Como professores destacamos figuras ilustres como:

Celestino Pimentel
Josino Macedo
Padre Luís Gonzaga do Monte
Cipriano José Barata de Almeida
Claudionor de Andrade
Severino Bezerra de Melo
José Saturnino de Paiva
Luís Inácio Maranhão Filho
Pedro Velho de Albuquerque Maranhão
Augusto Severo de Albuquerque Maranhão
Joaquim Inácio Torres
Luís da Câmara Cascudo
Rômulo Wanderley
Luís Wanderley
Floriano Cavalcante de Barros
Francisco Rodrigues Alves

Alunos ilustres

Emmanuel Bezerra dos Santos
Câmara Cascudo
Ferreira Itajubá
Geraldo Melo
Amaro Barreto
Diógenes da Cunha Lima
Juvenal Lamartine
Pedro Velho
Café Filho
Aluízio Alves
Garibaldi Alves Filho
Geraldo Melo
Wilma de Faria
Henrique Eduardo Alves
Newton Navarro

O prédio do Atheneu era referência na cidade, e muitas vezes utilizado para outros fins
Escola Normal de Natal em 2013. Foto: Edu Barboza @ Tribuna do Norte

A Escola Normal funcionou no Atheneu de 13 de maio de 1908 até 31 de dezembro de 1910. A Escola Normal foi criada pelo Governador Alberto Maranhão para capacitar pessoas, fechando algumas escolas primárias, rotineiras, retrógradas e improdutivas que haviam no Estado.

O prédio atual, construído tem formato de “X”, foi inaugurado em 11 de março de 1954


No prédio novo encontravam-se um ginásio para prática de esportes, sessões de cinema e auditório para festas, 16 salas de aulas comuns e 8 salas para aulas especializadas.

O colégio é a segunda mais antiga instituição escolar brasileira


A escola brasileira mais antiga foi o Colégio dos Jesuítas de Salvador, uma instituição educacional do Brasil Colonial que funcionou em Salvador entre 1553 e 1759. Foi fundado pelo jesuíta Manuel da Nóbrega e lá ensinava-se a ler, escrever, a matemática e a doutrina católica.

Mas em atividade, a escola mais antiga é o Ginásio Pernambucano, uma instituição de ensino médio da cidade do Recife, Pernambuco, fundada em 1825.

Fonte: Site Pense Numa Notícia

Um comentário:

  1. Excelente, blog. Mas quero aplaudir com destaque essa matéria sobre a Escola Estadual do Atheneu, patrimônio nacional em educação. Ficou fantástica e reveladora.

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