domingo, 21 de fevereiro de 2021

Tenente Coronel Vicente Praxedes Benevides Pimenta: Origem da família Praxedes no Rio Grande do Norte

*Por Gustavo de Castro Praxedes

Casa Grande da Fazenda Sabe-Muito, em Caraúbas/RN. Foto: reprodução.

Nos primeiros anos do século XIX, nascia na Fazenda Sabe Muito, Caraúbas, Estado do Rio Grande do Norte, um menino que recebeu o nome de Praxedes Benevides Pimenta. Seus pais, o Capitão Antonio Fernandes Pimenta e dona Francisca Romana do Sacramento, convidaram para padrinhos do filho, o Capitão Manoel Dantas da Cunha e dona Ana de Lemos. Pouco tempo depois, por ocasião de sua crisma, o pequeno Praxedes recebe um novo nome, deste dia em diante, passou a chamar-se Vicente Praxedes, neto paterno do Alferes José Fernandes Pimenta e de dona Josefa Maria da Conceição e materno do Capitão Manoel Carneiro de Freitas e dona Delfina Filgueira de Jesus. Por sua vez era bisneto do português Antonio Fernandes Pimenta e Joana Franklina do Amor Divino, tronco genealógico dos Fernandes Pimenta já nascidos e daqueles que ainda estão por nascer.

Vicente Praxedes Benevides Pimenta nasceu aos 20 de julho de 1805 e com o passar dos anos se tornou um dos homens mais influentes da região oeste Potiguar. Muito cedo, aprendeu as primeiras letras com seu irmão, Padre Bento Fernandes Pimenta, que era vigário em Quixeramobim, Ceará. Seu interesse em aprender era tanto, que se aperfeiçoou no latim, chegando a traduzir a “selecta”, ou seja, os trechos escolhidos para celebração da missa.  

No ano de 1830, casou em primeiras núpcias na Serra do Martins com sua prima Herculana Josefa do Amor Divino, baiana, filha de Gonçalo da Silva Campos e Benta Maria de Jesus. Deste matrimonio nasceram 17 filhos e todos foram batizados com o sobrenome Praxedes.

Dotado de honestidade inigualável, adotou a carreira do comércio em Martins. Nesta cidade possuía uma mercearia de molhados, bebidas e botica. Anos mais tarde, abandonou para se dedicar a profissão de agricultor. Dedicou-se também a criação de gado nas fazendas São João de Cima, São João de Baixo, Unha de Gato, Currais, Santo Antônio, Sítio do Padre, Passagem, Incauto, Cisplatina e Barra, bem como mantinha uma plantação de lavoura no sítio Jacú, nas cercanias da referida cidade.

Em 1837 foi nomeado pelo Presidente da Província, Manoel Ribeiro da Silva Lisboa, Major do Batalhão de Guardas Nacionais do Município de Portalegre e em 1843 o Coronel Estevão José Barbosa de Moura, Vice-presidente da Província o promoveu para o posto de Tenente Coronel Chefe do Batalhão da Guarda Nacional da Vila da Maioridade.

Dez anos depois, aos 29 de janeiro de 1853, Sua Majestade o Imperador Dom Pedro II, o nomeou Tenente Coronel do Primeiro Batalhão de Guardas Nacionais do Comando Superior dos Municípios de Imperatriz, Apodi e Portalegre e aos 24 de julho de 1867, Pedro II, o reformou no posto de Coronel.

Dentre os muitos cargos que exerceu destacamos os de Juiz Mol da Vila de Portalegre e termo (1840); Delegado de Polícia dos Tesouros das Vilas de Maioridade, Apodí e Portalegre (1842); Administrador dos bens Patrimoniais da Senhora da Conceição, Orago da Freguesia de Serra do Martins e Procurador dos bens do Patrimônio do Senhor do Bonfim. (1853); Coletor de Rendas Gerais de Imperatriz (1874); além de Camarista, Juiz de Paz, Membro da Comissão Beneficente da Cidade de Imperatriz, de Socorros públicos, bem como Chefe do Partido Conservador e eleitor em sua cidade.

No primeiro casamento com dona Herculana, o Tenente Vicente Praxedes foi pai de Ana Praxedes Benevides, casada com o Capitão João da Silva Lisboa; Antônio Praxedes Benevides Pimenta, primeiro com este nome, provavelmente tenha falecido na infância; José Praxedes Benevides Pimenta, Major da Guarda Nacional, casado com sua prima Herculana Josefa do Amor Divino; Francisco Praxedes Benevides Pimenta, Tenente Coronel da Guarda Nacional, tronco dos Praxedes no Vale do Ceará Mirim e Taipu, casou com Raimunda Cândida do Rego Leite; Maria Praxedes Benevides casou com o Deputado Provincial e Coronel, Joaquim Bernardo de Sá Barreto; Antonia Rufina Praxedes casou com seu primo legítimo Lucio Manoel Fernandes; Manoel Praxedes Benevides Pimenta, Deputado Provincial quatro vezes, casou em primeiras núpcias com sua prima Delfina Emilia Fernandes e em segundas com outra prima, Joana Elvidia Carneiro; Vicência Praxedes Benevides casou com o Tenente Domingos Velho Barreto Júnior; Herculana Gratulina Praxedes casou em primeiras núpcias com o Capitão Luiz Manoel Filgueira e em segundas com seu primo Coronel Manoel Petronilo Fernandes Pimenta; Raimundo Praxedes Benevides casou com sua prima Luiza Gonzaga Carneiro; Francisca das Chagas Praxedes, com o Capitão João da Silva Lisboa, viúvo de sua irmã Ana Praxedes; Joana Praxedes Benevides casou como seu primo o Coronel Luis Manoel Fernandes Filho; Benta Praxedes Benevides, casou com Clemente Gomes de Amorim Filho; João Praxedes Benevides Pimenta casou com sua prima Alexandrina Fernandes Pimenta; Antônio Praxedes Benevides Pimenta, o segundo com este nome, casou com sua prima Laura Cândida Fernandes Carneiro e mais dois com o nome de Luis que faleceram na infância.

Com a morte de Dona Heculana Josefa no primeiro dia do mês de março de 1851, na Cidade de Aracati, Estado do Ceará, o Coronel Vicente Praxedes contraiu segundas núpcias dois anos e meio depois, aos 09 de setembro de 1853, com sua sobrinha Antônia Mafalda de Oliveira, filha do Tenente Coronel Antônio Francisco de Oliveira e de dona Mafalda Gomes de Freitas. Deste casamento nasceram mais cinco filhos, sendo a primeira, Mafalda Praxedes que casou com seu primo Joaquim Gomes de Amorim, Intendente da cidade de Martins; Miguel de Oliveira Praxedes Pimenta, faleceu solteiro; João Mafaldo de Oliveira Praxedes, militar, Alferes da Guarda Nacional, faleceu em Canudos lutando contra as tropas de Antônio Conselheiro; Antonio Mafaldo Praxedes Pimenta falecido solteiro no estado do Acre e o Coronel Bento Praxedes Benevides Pimenta, Coletor de Rendas Federal, comerciante e Chefe Político em Mossoró, fundador do jornal “O Comércio de Mossoró, casado com dona Pautila Gurgel de Oliveira, neta do Barão do Açu.

Destes dois casamentos, nasceram 22 filhos, sendo 17 do primeiro e 5 do segundo. Cabe ressaltar que todos os filhos de Vicente destacaram-se na vida pública e privada, e assim como ele, foram merecedores da reverência de toda sociedade, pois honestidade, respeito e amizade foram os lemas seguidos por seus descendentes.

Foi no primeiro dia do mês de janeiro de 1882, no Sítio Cangaira, na mesma vila onde nasceu, com idade de 76 anos, 5 meses e 11 dias, que faleceu Vicente Praxedes, deixando para posteridade o seu nome e a sua marca registrados na pedra bruta. A morte do velho coronel teve grande repercussão na região oeste Potiguar, pois foi através dele que a mais de 200 anos, NASCEU A FAMÍLIA PRAXEDES e que se transformou em uma das mais tradicionais do sertão norte-rio-grandense.
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 *Gustavo de Castro Praxedes é cientista social, historiador e genealogista

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