*por Romário Santos
Fotos: Acervo José Alves Sobrinho e Prof. Assis Braga
O Cangaço foi um fenômeno de banditismo social atuante no Nordeste brasileiro entre a segunda metade do século XIX e a primeira metade do século XX.
Manuel Baptista de Moraes, verdadeiro nome de Antônio Silvino, foi uma das figuras mais famosas da história do Cangaço brasileiro. Antônio Silvino esteve aqui, visitou o coração do RN por duas vezes nos anos de 1911 e 1912.
Antônio Silvino chegava ao Rio Grande do Norte em 1910 perseguido pelas Volantes - forças policiais - dos estados da Paraíba e Pernambuco. O Cangaceiro tinha matado o Alferes (patente de oficial abaixo de tenente) Maurício em uma Vila paraibana. Esse fato despertou ainda mais desejo pela captura de Antônio e seu bando. E para livrar-se dessa perseguição, fugiu com seus homens para o RN.
O cangaceiro não pisava em terras potiguares há 9 anos. Desde o episódio do "Fogo da Pedreira" - luta que Antônio Silvino e seu bando estiveram envolvidos em uma fazenda na cidade de Caicó, mas essa é outra história que posso contar outro dia. O bando de cangaceiros liderados por Antônio Silvino rodou por algumas outras cidades antes da chegada a Santana.
Em maio de 1911, o coração do Rio Grande do Norte, onde fica a cidade de Santana do Matos, um grupo de homens armados de rifles e punhais entrou na localidade. O bando era liderado por um bigodudo, famoso e temido por todo Seridó. Era o bando do famoso cangaceiro Antônio Silvino. O chamado "Rifle de Ouro", ou como também era conhecido, "O Governador dos Sertões."
Ao chegar, os bandoleiros foram descansar na Fazenda Rosário do amigo João Leite. Antônio Silvino chegou tranquilo em solo Santanense. Após o descanso, pediu um valor em dinheiro a vários Santanenses, que temendo, pagaram a exigência do grupo. O destino seguinte foi a Fazenda Serra Branca. A visita dos homens de chapéu de aba quebrada foi pacífica. Embora se fez uma exigência; os temidos homens pediram a importância de 500$00 contos de réis a Sra. Belisária Wanderley de Carvalho e Silva, a Baronesa de Serra Branca que estava em Açu. Um mensageiro levou o pedido dos cangaceiros que foi prontamente atendido, Antônio Silvino e seus homens retornaram a Fazenda Rosário.
Em seguida, o bando se hospedou no Sítio de Manoel Baracho e após o almoço, seguiram a pé na direção de Jucurutu. Os últimos momentos do bando em solo Santanense foi uma parada na madrugada no Sítio Adequê, de Antônio Baracho, após a janta, sem maiores alterações, Antônio Silvino deixava Santana e seguia viagem.
Um ano e cinco meses depois, em um dia comum de outubro de 1912, Antônio Silvino voltou a passar por Santana do Matos. Essa segunda passagem foi rápida. Dessa vez o bando de Antônio Silvino teve hospedagem na casa do Padre Lúcio Gambarra. Durante sua estádia, foi informado que a Baronesa estava na Fazenda Serra Branca e prontamente procurou visitá-la. Belisária Wanderley de Carvalho e Silva, a baronesa, apesar de não gostar da presença do grupo, os recebeu. É possível que Antônio Silvino tenha pedido mais dinheiro a baronesa, que certamente atendeu novamente as exigências da visita dos cangaceiros, que retornaram e sem mais alardes, foram embora.
Segundo consta nos documentos que dão conta das duas passagens de Antônio Silvino por Santana, não há relatos que o bando dera um único tiro ou tenha cometido algum tipo de violência contra um popular. Outro fato interessante, é que é possível afirmar que o temido Cangaceiro esteve no coração do RN por mais de duas vezes. Que gozava de amizades na Terra de Santana do Matos e que conseguiu um valor considerável nessas duas visitas.
*Romário Santos é graduando em História pela UERN.
REFERÊNCIAS:
FERNADES, Raul. Antônio Silvino no RN. Natal: Editora Clima, 1990.
MELO, Itácio Souza de. O Cangaço no Rio Grande do Norte: O banditismo social. Natal - RN: 1999.
RAMALHO, Délio de Oliveira. O Cangaço: Os Três Cangaceiros no Rio Grande do Norte. Natal - RN: 1996.
As passagens do Rifle de Ouro em Jardim do Seridó também são extremamente interessantes. Tendo passado três vezes, uma em 1901 quando era coitado do Major João Alves de Oliveira, e de Antônio Victurino Dantas, além da família de Manoel Salviano Meira, outra em 1911 quando foi notícia até mesmo nos jornais do Rio de Janeiro. E por fim quando depois de receber o indulto do Presidente Getúlio Vargas passou novamente nas cidades que havia passado pra como cangaceiro, hospedando-se no Jardim Hotel.
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