domingo, 15 de novembro de 2015

Os primeiros habitantes do território potiguar

Por Carlos Noronha


A história do Rio Grande do Norte não se inicia com a chegada dos europeus.

Essa história tem início muito antes, porém ainda não temos certeza de quando precisamente.
Para sabermos desde quando o território potiguar é ocupado por seres humanos, muitos estudos e pesquisas têm sido feitos. Para tanto, são usados, principalmente vestígios deixados por essas pessoas, como pontas de flechas, pinturas rupestres e até mesmo esqueletos.
Com relação à presença dos primeiros seres humanos no Brasil, há uma grande controvérsia. A ocupação de terras brasileiras ocorreu entre 9.000 e 11.300 anos, segundo alguns estudiosos. Outros defendem uma data ainda mais remota.
A área correspondente ao Nordeste do Brasil foi ocupada por grupos de caçadores que se estabeleceram próximos aos rios e fontes de água, adaptando-se, dessa maneira, às difíceis condições do Sertão. 

Essa ocupação havia se consolidado há doze mil anos nos atuais estados da Bahia e Piauí 
As datas mais antigas que marcam a presença humana no Rio Grande do Norte foram registradas na região do Seridó, mais exatamente nos Sítios Pedra do Alexandre (9.400 anos atrás), em Carnaúba dos Dantas e Mirador, em Parelhas (9.410 anos atrás), com pinturas rupestres.
Nessa fase habitavam o território norte-riograndense animais atualmente extintos como os tigres dentes-de-sabre, os mastodontes e os tatus gigantes. 

Os registros rupestres são um forte indicativo da presença humana no Rio Grande do Norte, em especial no que se refere à evolução das manifestações artísticas. As gravuras e pinturas estão agrupadas em tradições. No Nordeste brasileiro – e também no território potiguar – existem, pelo menos, três grandes tradições: Itaquatiara, Nordeste e Agreste. 

A Tradição Itaquatiara – ou das Itaquatiaras – surge em blocos ou rochas ao lado dos cursos d’água e por vezes, em contato com esta, englobando gravuras executadas sobre a rocha. No Rio Grande do Norte há um grande número de sítios dessa tradição, em particular na região do Seridó. 
A Tradição Nordeste é caracterizada por meio de figuras de pequeno tamanho, com enfeites, símbolos e adornos, os quais identificam o ser humano dentro de um contexto social cheio de danças, lutas e caças.

A Tradição Agreste traz pinturas de técnica gráfica menos rica do que a Tradição Nordeste, inferioridade também observada nos temas. Um exemplo de um sítio dessa tradição é o Lajedo da Soledade, em Apodi. 

A existência das três principais tradições culturais de Arte Rupestre do Nordeste no nosso Estado reforça a ideia que o seu território foi habitado por inúmeras levas de seres humanos, em épocas diversas. 
Esse povoamento, realizado por vários grupos humanos, originou as nações indígenas que os cronistas portugueses e holandeses tomaram conhecimento. 
Como podemos perceber, quando os portugueses chegaram ao Rio Grande do Norte, em 1501, nosso território possuía já muita história.
Os povos indígenas que habitavam o território norte-riograndense eram descendentes desses habitantes mais antigos.

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