domingo, 21 de outubro de 2018

Monsenhor Expedito



Monsenhor Expedito Sobral de Medeiros foi sacerdote da Arquidiocese de Natal. Devido ao seu trabalho social foi chamado pelo povo de "Profeta das Águas".

O alvo de sua luta ia além das fronteiras do Estado, propugnava pela utilização do excedente hídrico do Rio São Francisco. Mas a luta pela água é apenas um capítulo, o último e inacabado de toda uma existência sacerdotal a serviço do espiritual.

Expedito foi pároco por 56 anos em São Paulo do Potengi, após passar pelas paróquias de Jardim do Seridó, São Rafael e Touros. Foi o primeiro pároco da paróqui de São Paulo Apóstolo, que só deixou quando faleceu, por insuficiência respiratória decorrente de um câncer, em 2000.

Instado pelo Arcebispo para assumir a Catedral de Natal, razões de saúde contribuiram para que lhe fosse atendido o pedido de permanecer onde estava. Porém, assumiu o cargo de Vigário Episcopal para o Clero, residindo em São Paulo do Potengi.

Ele fazia parte dos que iniciaram a Sindicalização Rural em nível nacional, a Campanha da Fraternidade, pequenas comunidades surgidas e assentadas em torno de receptores cativos da Emissora de Educação Rural, as Escolas Radiofônicas, as Maternidades, as Escolas de nível médio, a Ação Católica Rural, a Formação de Líderes, o Plano de Pastoral, a elevação do padrão cultural do Clero para melhor servir aos irmãos.

Sua luta pelo acesso democrático aos recursos hídricos começou na década de 50, mais precisamente após um episódio ocorrido em 1953, quando, acompanhado de outros padres, ele ouviu de um trabalhador a frase "monsenhor, tira nós dessa escravidão", durante uma visita a uma comunidade rural. A partir de então, passou a se empenhar pela elaboração de projetos definitivos para o problema das águas.

Mas os frutos só foram colhidos quatro décadas depois, com a implementação do programa estadual de adutoras, durante o governo do amigo de infância, Sr. Garibaldi Alves Filho. Conseguiu que este assinasse em 1° de julho de 1996 a lei que criou o Programa de Recursos Hídricos. Projeto de solução simples, definitiva, e pioneira, exportado para a Paraíba, Pernambuco, Ceará, Sergipe e Alagoas, que propunha a transposição das águas de rios e represas para a distribuição à população das áreas carentes. Foi sua última grande obra no campo social, obtida utilizando a força moral da Igreja. Uma das três adutoras recebeu seu nome, e leva água potável a 23 cidades ou povoados.

D. Eugênio de Araújo Sales foi quem celebrou a Missa de Exéquias. Na ocasião de seu sepultamento, estavam o seu Arcebispo e mais três Bispos, além de quase todos os sacerdotes da Arquidiocese de Natal. 

Falecimento e enterro foram amplamente divulgados pela imprensa local.

Termina o testamento, datado de 12 de setembro de 1997, com o seguinte:

"A quem me substituir, continue presente junto aos pobres e, pelo amor de Deus, não os humilhe. Considero uma grande graça que Deus me concedeu: ser servidor do Povo de Deus. Peço a Maria Santíssima, a "Compadecida", que se compadeça de mim e esteja a meu lado, no Julgamento. Amém."

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