Geossítio Marmitas do Rio Carnaúba do Geoparque Seridó. Foto: Marcos Nascimento
Localizado no Seridó, região do semiárido potiguar, o Geoparque Seridó favorece ações e pesquisas nas áreas de Geologia, Geografia e Turismo no Rio Grande do Norte, sendo fundamental tanto do ponto de vista econômico quanto socioambiental. Com o propósito de evidenciar sua história anterior à ocupação dos primeiros povos antigos, um novo artigo, divulgado na revista Superinteressante, resgata os principais acontecimentos naturais do local, nos últimos 600 milhões de anos, que explicam a modelagem de suas paisagens, rochas e relevo. Atualmente, conforme aponta o estudo, o Geoparque resguarda registros da formação do Supercontinente Gondwana na era Neoproterozoica, de sua quebra no período Cretáceo e de atividade vulcânica recente.
O professor Marcos Nascimento, vinculado ao Departamento de Geologia (DG/UFRN), atua como coordenador científico do Geoparque Seridó e assina a publicação ao lado de Matheus da Silva, doutorando do Programa de Pós-Graduação em Geologia da UFRJ. O coordenador explica que o trabalho discute as características do Geoparque no período em que os continentes América do Sul, África, Índia, Austrália e Antártida ainda estavam agrupados formando um só bloco chamado Gondwana, e apresenta seus diferentes tipos de rochas e localização.
“Esses registros são úteis para contar uma história geológica única e possível de ser reconhecida dentro de um território que é muito rico. Cada história é uma peça de um grande quebra-cabeça que os geólogos estão preparados para montar e levar à sociedade. Com isso, podemos entender melhor a geologia e o real significado da paisagem que as pessoas veem no dia a dia”, defende. Ele observa ainda que muitos registros têm valor internacional e fomentam a visita de pesquisadores ao redor do mundo, mas as comunidades locais são tão importantes quanto eles.
O coordenador esclarece, nesse sentido, que é fundamental disseminar informações e promover o conhecimento sobre a história local. O artigo resgata registros da quebra de Gondwana, ocasionada há 130 milhões de anos, por meio de rochas vulcânicas aparecendo no território e com o registro de um evento raro no Brasil, consequência de um vulcanismo ocorrido há 25 milhões de anos. O trabalho cita ainda a formação das serras do Geoparque Seridó e seus aspectos culturais, com destaque ao papel dos sítios arqueológicos como registros dos povos antigos. Para isso, são expostas não só pinturas e gravuras rupestres, como também a história da mineração com foco na Mina Brejuí, fundamental no desenvolvimento socioeconômico do Geoparque.
Com o fechamento da sequência geológica, Marcos Nascimento observa que o artigo aborda a biodiversidade por meio da exposição de um bioma exclusivamente brasileiro: a caatinga. Contemplando cerca de 70% da região nordeste, ela tem sua fauna e flora resgatadas na publicação, que também apresenta a fauna que predominava no bioma há mais de 10 mil anos com animais da megafauna, como o tatu e a preguiça gigantes. “Por fim, abordamos o território enquanto candidato ao Programa Internacional de Geociências e Geoparques da UNESCO e como ele vem modificando a vida da população local para melhor, promovendo o desenvolvimento territorial sustentável”, comenta o professor.
Confira o artigo clicando aqui
*Portal da UFRN.
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