quarta-feira, 31 de outubro de 2018

Manifestações culturais do RN

Apresentação cultural dos Negros do Rosário de Jardim do Seridó. 

A cultura popular do Rio Grande do Norte alimenta das mesmas fontes da cultura nordestina, cujas peculiaridades são determinadas principalmente pela presença da cultura do colonizador português, pelas culturas africanas trazidas pelos negros que chegavam como escravos para trabalhar principalmente nos engenhos de cana-de-açúcar, e pela cultura indígena dos Potiguaras que habitavam o litoral e dos Cariris que viviam no Sertão.

Essas seriam as Três principais vertentes da nossa herança cultural, sendo que, para alguns estudiosos do nosso folclore e da nossa arte popular, as raízes mais fortes são de origem portuguesa e podem ser percebidas através da linguagem, literatura oral e de cordel, das festas religiosas e de algumas danças e folguedos.

Mas os negros de origem africana e os índios que aqui viviam também participaram com os seus hábitos, costumes e crenças para a formação da nossa cultura. Os primeiros, definindo religiosidade e crenças tais como: irmandade do Rosário dos Pretos (os Negros do Rosário), cujos grupos mais conhecidos são os de Caicó e Jardim do Seridó; os índios, influenciando na alimentação – a farinha de mandioca e a paçoca, por exemplo, são heranças deixadas pelos indígenas.

As manifestações culturais que conseguem ainda sobreviver nos dias atuais – quando o interesse pela televisão reduz as possibilidades de as pessoas manterem suas tradições, hábitos e costumes herdados dos antepassados – precisam ser valorizados; os grupos que as reproduzem, por sua vez, incentivados, para manter vivas a nossa memória e a nossa história.

Por isso é importante que manifestações da cultura popular, como a literatura de cordel, as danças e folguedos, as feiras livres, as festas religiosas, o artesanato, o teatro e os museus onde é guardada parte dessa cultura, sejam conhecidos, visitados, para que, através da participação, possamos manter vivas as nossas raízes e a história daqueles que nos antecederam.

Os folguedos populares, também chamados por Câmara Cascudo de danças de alas ou cordões e de “autos populares’’, coincidem com as “danças folclóricas’’ de Deífilo Gurgel e Veríssimo de Melo, todos eles grandes estudiosos da nossa história e cultura.
Os principais folguedos ou danças do nosso folclore
São:

1.1 - Coco-de-Roda ou Bambelô – uma cantiga de trabalho dos negros que se ocupavam em quebrar coco. Também uma dança de roda em que o dançarino que fica no meio do círculo é substituído por outra pessoa da roda, é o sinal dessa substituição é dado por uma “embigada’’.

1.2 – Boi-Calemba – o mesmo que Bumba-Meu-Boi ou Boi-Bumbá, é uma dança ligada ao ciclo do gado e relata a morte e a ressurreição de um boi. É um bailado com cerca de dezesseis pessoas entre bailarinos que se dividem em dois grupos – “os Enfeitados e os Mascarados’’ -, e uma bandinha de música composta geralmente de pandeiro, violão ou rabeca e sanfona.
1.3 – Fandango – dança que conta a estória de uma embarcação portuguesa – “A Nau Catarineta’’ que se perde no oceano com a sua tripulação de cerca de 40 marujos, que cantam suas aflições e tristezas e a alegria quando avistam “terras de Espanha e areias de Portugal’’. O grupo musical é composto por violões, cavaquinhos, rabecas e pandeiros.

1.4 – Pastoris – dança de origem portuguesa que faz parte das festas do ciclo natalino. É formado por duas alas ou cordões – O cordão Azul e o Cordão Encarnado. Em cada cordão a primeira bailarina ou pastora é considerada a mestra que canta louvações e saúda o público com um espírito de rivalidade entre os dois cordões, mediados ou acalmados pela Diana, bailarina que exibe no seu vestuário as cores das duas alas – o Encarnado e o Azul.

1.5 – Chegança – auto popular que conta, através da música e da dança, a estória de um combate entre os tripulantes de duas naus (navios), uma Moura e outra Cristão. Na luta que continua em terra, uma princesa é presa e o combate só termina quando os mouros (povos de religião muçulmana) concordam em se transformar em cristãos através do batismo.
1.6 – Espontão – também chamada dança dos negros do Rosário. Geralmente é dançada na desta do Santo Padroeiro. Como é o caso da Festa de Nossa Senhora do Rosário em Caicó e Nossa Senhora da Conceição em Jardim do Seridó. A dança é um bailado que simula uma luta de lanças ou espontões entre dois grupos guerreiros com ataque e defesa que são acompanhados por um grupo musical formado por três tambores ou zabumbas e um pífano.

Outras danças e folguedos populares que ainda são manifestados no Rio Grande do Norte são: a Dança de São Gonçalo, em Portalegre; a Dança das Bandeirinhas, em Touros; Congos ou Congadas, em São Gonçalo do Amarante e Natal; Lapinha, dança de motivação religiosa, inspirada no nascimento de Jesus, conhecidos são de os Vila Flor e o de Maxaranguape; Cabocolinhos ou caboclinhos é uma dança indígena em que se reverencia o deus indígena Tupã. Seu principal grupo é o de Ceará Mirim; Maneiro-Pau ou simulando uma luta em que cada guerreiro enfrenta o outro com bastões ou cacetes de madeira. Essa dança é feita por grupos da região serrana do nosso Estado.
2.1 – Eventos Religiosos com datas determinadas:
JANEIRO: 
01 – Festa do Bom Jesus dos Navegantes, padroeiro de Touros.
06 – Festa dos Reis Magos, no Bairro de Santos Reis, em Natal, cuja comemoração constitui a maior devoção popular da Cidade.
13 – Festa da Sagrada Família, em Tenente Ananias (Sítio Ipueira).
17 – Festa de Santo Antão Abade, padroeiro de São Bento do Norte;
20 – Festa de São Sebastião dos “Cachoeira’’, no município de Caraúbas, padroeiro também, de Caiçara do Rio do Vento, de Encanto, de Gov. Dix-Sept Rosado, de Japi, João Dias, Monte das Gameleiras, Passa e Fica, São Bento do Trairi.
23 – Festa de São Raimundo, padroeiro de Ielmo Marinho;
30 – Festa de Nossa Senhora dos Navegantes na Praia da Redinha, em Natal.
FEVEREIRO:
02 – Festa de Nossa Senhora da Piedade, padroeira do município de Espírito Santo; festa de Nossa Senhora da Saúde, em Boa Saúde.
05 – Festa de Nossa Senhora dos Desterros, em Vila Flor.
11 – Festa de Nossa Senhora de Lourdes, padroeira de Senador Elói de Souza e também de Ipanguaçu. Festa de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, em Ipueira.
MARÇO:
19 – Festa em homenagem a São José, em Angicos, São José do Campestre, Coronel João Pessoa, Rodolfo Fernandes, cuja data é um marco do sertanejo para saber se vai haver inverno.
ABRIL:
20 – Festa de Nossa Senhora dos Prazeres, no município de Goianinha.
MAIO:
13 – Nossa Senhora de Fátima, no município de Água Nova.
22 – Festa e, homenagem a Santa Rita de Cássia, padroeira de Santa Cruz.
JUNHO:
De 12 a 24 – Festa de São João Batista, padroeiro dos municípios de Açu, Pendências, Arês, São João do Sabugi, Cerro Corá, Jardim de Angicos e Antônio Martins. Dentro das festividades juninas ocorre sempre uma grande vaquejada.
13 – Festa de Santo Antônio, em Marcelino Vieira.
24 – Festa do Sagrado Coração de Jesus, em Grossos.
26 – Festa de Santana e São Joaquim, no município de São José do Mipibu e também no município de Campo Grande (ex-Augusto Severo).
29 – Festa de São Pedro e São Paulo no município de Pedro Avelino e São Paulo do Potengi.
As festas juninas ocorrem em todos os municípios do Estado, constituindo-se numa tradição as fogueiras de Santo Antônio, São João e São Pedro, com apresentação de quadrilhas e queima de fogos, bem como da crendice popular de adivinhações.
Há quase dez anos vem ocorrendo um movimento de resgate cultural em todo o Nordeste, através da realização de concursos de quadrilhas juninas – tradicionais, estilizadas -, em nível Estadual e Regional – os primeiros colocados no Estado concorrem ao 1º lugar na Região. Este ano de 1998, a primeira classificada no Rio Grande do Norte foi a Quadrilha do Erizão, de   Acari, que se apresentou conjuntamente com várias outras Quadrilhas no Shopping Via Direta, em Natal.
JULHO:
Neste mês comemoram-se as festas em homenagem a Nossa Senhora de Sant’ana, padroeira de vários municípios do Rio Grande do Norte, sendo que as festas mais conhecidas são as de Caicó, Currais Novos e Santana do Matos. Em todas elas ocorrem grandes vaquejadas.
AGOSTO:
02 – Festa de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro em Barcelona.
15 – Festa de Nossa Senhora da Guia, padroeira de Acari.
Festa de Nossa de Senhora dos Navegantes, padroeira de Areia Branca, culminando com uma grande de procissão marítima.
Festa de Nossa Senhora das Graças, no município de Afonso Bezerra;
SETEMBRO:
08 – Festa de Nossa Senhora do Ó, em Serra Negra do Norte.
15 – Festa de Nossa Senhora das Dores em Itaú.
29 – Festa de São Miguel, em Jucurutu e de São Miguel Arcanjo, em São Miguel.
Último domingo deste mês – Festa de São Miguel de, em Extremoz.
OUTUBRO:
01 – Festa de Santa Terezinha do Menino Jesus no município de Tangará.
04 – Festa de São Francisco de Assis, em Pedro Velho.
13 – Festa de Nossa Senhora de Fátima, em Parnamirim.
16 – Festa em homenagem ao Padre João Maria, uma das maiores devoções populares do nosso Estado.
25 – Festa de Nossa Senhora das Vitórias, padroeira de Carnaúba dos Dantas.
Festa de Nossa Senhora do Amparo, padroeira do município de Coronel Ezequiel.
No último domingo do mês de outubro comemora-se a festa de Nossa Senhora do Rosário, em Caicó.
NOVEMBRO:
De 12 a 21 – Festa de Nossa Senhora da Apresentação, padroeira de Natal.
21 – Festa de Nossa dos Impossíveis, padroeira do município de Patu, cuja capela está localizada na Serra do Lima.
29 – Festa de Nossa Senhora do Livramento, padroeira do município de Taipu.
DEZEMBRO:
08 – Festa em homenagem a Nossa Senhora da Conceição, padroeira de vários municípios do Rio Grande do Norte. As festas mais tradicionais são de: Canguaretama, Ceará Mirim, Jardim do Seridó, Lajes, Macaíba, Nova Cruz, Santo Antônio, São Rafael, São Tomé e Serra Caiada.
13 – Festa em homenagem a Santa Luzia, padroeira do município de Mossoró.
18 – Festa em homenagem a Nossa Senhora do Ó, padroeira do município de Nísia Floresta.
De 27 a 06 de janeiro – Festa de Nossa Senhora da Conceição em Martins.
31 – Festa dos Negros do terço Rosário, em Jardim do Seridó.

Outros eventos culturais já se tornaram tradição no nosso Estado. É o caso do dia 30 de setembro, em Mossoró, data em que a cidade comemora a libertação dos seus escravos e do CARNATAL, festa popular que reproduz um “Carnaval Fora de época’’, realizado no mês de dezembro, em Natal.

Fonte: Altas Escolar do Rio Grande do Norte - José Lacerda Alves Felipe / Edilson Alves de Carvalho.

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